25 de setembro de 1995, uma data que viria a mudar a minha vida e eu ainda nem o sabia. Joaquim Patrício e os seus companheiros avançaram para um projeto ambicioso para dinamizar a prática desportiva num pequeno concelho alentejano onde eu na altura residia. Passado 2 anos e eu embarcava neste projeto com a minha inscrição nas aulas de adaptação ao meio aquático/natação, tinha apenas 5 anos e por recomendação médica ingressei então nestas aulas.
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| Cartão sócio CNAlvito - 22/10/1997 |
Lembro-me bem que não era a minha atividade favorita, tentava arranjar forma de não ir e quando lá estava se não fosse por os meus amigos o fazerem, provavelmente, nem repetia os exercícios propostos. Soprar uma bola, bater os pés, simular a remada, não era mesmo o que eu queria fazer. Mas lá me fui arrastando por algum tempo nas aulas sem nunca evoluir na técnica de natação confesso.
Durante a minha terceira época a apreender a nadar tive a infeliz ideia de numa birra enquanto me preparava para mais uma aula de natação empurrar a minha irmã e ela ao cair partir um braço, obviamente que fiquei de castigo e além de não ver desenhos animados também fiquei sem ir à natação. O que apesar de eu não gostar o facto de irem todos os meus amigos deixava-me chateado, castigo eficaz!
Estávamos algures em 2000 e o resto do ano não tive ligação com o clube. Com o regresso à escola e com umas atividades extracurriculares promovidas pelo clube fiquei a conhecer o atletismo e ansioso por experimentar esta modalidade. Foi preciso esperar até janeiro de 2001 para me estrear numa prova: Corrida dos Reis em Beja, nessa época era benjamim mas como não havia prova para essa faixa etária corri nos infantis, escalão que tinha miúdos até 4 anos mais velhos que eu, obtive o 21º lugar o que na altura mostrou que tinha alguma capacidade para este tipo de provas. Desde ai comecei a participar em todas as provas e alguns treinos, ainda antes do final da época obtive a minha primeira vitória o que me convenceu definitivamente a integrar a equipa de atletismo do CNAlvito.
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| Grande prémio das Neves - Março 2001 |
Apesar de apenas participar em meia-época consegui ser um dos mais assíduos e participativos o que me levou a ser convocado para o estágio organizado pelo clube no início de cada época. Setembro de 2001, 9 anos, 125 centímetros de altura (não sei se não seria menos!) segui até à serra do Alvão com todos os outros atletas do clube!
A viagem tinha acabado de começar e de forma natural, pois era o mais novo e pequeno, estava destinado a ser a "mascote" daqueles 10 dias passados tão longe de casa. Lembro-me que passei a viagem toda a chatear o condutor Quim e toda a carrinha com factos sobre a serra do Alvão e de alguns sítios onde íamos passando, tinha feito o trabalho de casa e lido em alguns livros que tinha sobre o local para onde ia. De alguma forma já me estava a destacar como Mega.
E não passou muito mais tempo sem ter essa alcunha. Num dos treinos do extenso programa do estágio estava destinado a subida ao Monte da Senhora da Graça, o treino era simples: a carrinha do clube ia subir e a cada quilometro de subida ia largando atletas tendo em conta a sua idade e preparação para aquele treino. O campeão Vitor começou logo a sua subida a faltar 8 km e foi apanhando todos os outros pelo caminho menos um: o mais pequeno tinha ficado já quase lá em cima.
Esse mais pequeno era obviamente eu. Ia a correr pela estrada acima quando de súbito olhei para trás e vi que também ia ser apanhado, mas não estava disposto a ser apanhado, acelerarei e acelerarei e quando cheguei ao topo realmente não fui alcançado. Todos os outros ao chegarem ficaram surpreendidos por não me terem apanhado e enquanto se recuperava do treino alguém exclamou "epah temos aqui um Mega atleta" e vai lá saber-se porquê, como de resto todas as alcunhas, o nome pegou e desde esse momento deixei de ser o Joãozinho para passar a ser o Mega.
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| Alto da Senhora da Graça - foto após treino |
E assim, um clube que nasceu para fazer algo de diferente num Alentejo cada vez mais desertificado marcou todo o meu crescimento mas não só... Todos os jovens que passaram por cá cresceram e aprenderam algo com o clube e, certamente, muito do que são hoje e o conhecimento que possuem foi fruto do seu tempo passado entre amigos que partilhavam o gosto pela prática desportiva!
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